A Beleza da Morte
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Uma experiência como guia DreamWalker de Morte
por Lea Hamann
Meu telefone tocou: “Eu preciso de sua ajuda. Eu estou com câncer há 10 anos agora e eu não quero morrer. Você pode me ajudar?” A agitada mulher perguntou. Eu respirei profundamente e disse: Não sei se posso ajudar você a não morrer, mas eu realmente gostaria de ensiná-la como respirar. E assim começou. Minha cliente ligava toda semana para aprender a fazer uma respiração profunda e consciente. Depois da nossa terceira sessão juntas ela me disse que se sentia muito mais relaxada enquanto respirava e que a dor intensa que sempre tinha desapareceu por alguns momentos. Minha cliente era uma especialista em todos os tipos de trabalho de energia, técnicas de cura, ela conhecia tudo. O que eu descobri é que nenhuma daquelas técnicas trazia amor em sua vida; o que tinha em comum era que elas ajudavam-na a penetrar tão profundamente em sua mente, em seu medo e na energia de vítima.
Há um desenho que a energia de vítima faz, especialmente as energias que trabalham com a mente; se fosse alguns anos atrás eu teria entrado nessa energia. Mas agora eu sei respirar, então eu posso ficar na leveza da minha respiração até se qualquer tempestade de pensamentos surgirem em minha frente. Eu criei um espaço de segurança e paz, um espaço onde a mente da minha cliente não pudesse entrar. Sessões após sessões minha cliente adorava a tranqüilidade de nosso espaço juntas. Em cada sessão ela vinha com seu medo da morte, com histórias sobre a sua dor – e nós assistíamos juntas esse slide ao fundo, dissolvido e transcendido, enquanto ficávamos em nossa respiração.
A batalha que a minha cliente brigava contra a sua doença, contra seu corpo e contra ela mesma tinha chegado a um impasse. As brigas podem fazer isso. Você não pode respirar e brigar ao mesmo tempo, então em nossa sessão ela aprendeu um novo jeito de estar consigo mesma, de uma maneira mais amorosa e gentil. Suas palavras começaram a ficar mais suaves, a maneira de como ela falava de si mesma começou a ser mais amorosa. Celebramos um pequeno milagre quando ela foi capaz de rir de si mesma pela primeira vez.
Claro que falamos também sobre a situação dela, sobre seu medo de morrer e sobre a sua doença. Respiramos e liberamos muitas energias velhas – muitas portas fechadas puderam ser abertas. Um dia, alcançamos pela primeira vez o ponto onde ela pôde ver que realmente tinha uma escolha. Ela nunca teve esse tipo de consciência antes. A vida dela tinha sido de lutar, de criar isto para sobreviver. Agora ela tinha uma escolha pela primeira vez. Eu disse a ela que poderia ficar com essa escolha por enquanto e voltar quando ela soubesse mais sobre isso. Depois ela me ligou, sua voz era suave e gentil. Ela disse: “Você sabe, minha mente sempre me disse que eu deveria sobreviver, que eu deveria lutar contra minha doença, mas meu coração diz: eu quero ir para casa. Você pode me ajudar a ir para casa?” Então, com isso, nosso DreamWalk começou.
Falamos sobre sua percepção da morte. Ela disse: “A morte é fria, sombria e a morte é o grito de minha mãe que morreu quando eu era jovem.” Eu experienciei este espaço de morte muito freqüentemente que eu conheci esses abismos escuros, mas também eu conheci a gentil e maravilhosa maneira de morrer. Eu conheci a beleza da morte. Então, a convidei para deixar esse espaço obscuro e experimentar outro lugar. Nós brincamos que você pode deixar a casa de diferentes maneiras. Você pode certamente pular a janela, cavar toda a estrutura da casa ou simplesmente passar pela porta e sair. Como você quer deixar sua casa? Como você quer morrer?
Em nossas sessões que tivemos, agora diariamente, experimentamos um espaço gentil da morte. Respiramos juntas, nos centramos em nossos corpos e nos expandimos. Além do corpo, além da respiração pelos pulmões, além da nossa terceira dimensão. A morte é uma abertura para algo mais, mais de você. Então, cada respiração a permitiu se entregar em sua alma, que estava esperando por ela, simplesmente para abraçá-la, para estar com ela. Minha cliente se apaixonou por este lugar. Semanas atrás, ela sempre queria falar e brigar e discutir assuntos comigo. Agora ela sempre pedia: “Poderíamos começar a respirar agora?”
Desde que ela tomou a decisão de deixar seu corpo físico, seu corpo foi lentamente esmorecendo e havia dor porque seu corpo havia segurado demais sua energia. Devido ao câncer que tinha se espalhado pelo seu corpo todo, seus pulmões estavam cheios de água e todos os dias tinham que ser perfurados para retirar água. Então, respirar passou a ser mais difícil. Ela começou a tossir e respirar ficou muito cansativo para ela. Então descobrimos: “Eu posso respirar sem os meus pulmões; eu posso ir além. Eu respiro com meu corpo inteiro; posso até respirar com as minhas orelhas!” (As filhas da minha cliente depois confirmaram que depois dessas sessões de respiração as bochechas dela ficaram rosadas e ela até estava podendo andar.) Experienciamos que ela poderia ir além de seu corpo quando a dor da transformação e liberação se tornasse muito intensa. Nosso objetivo não era ignorar o corpo, mas deixar a transformação e liberação acontecerem de maneira graciosa.
Passaram-se alguns dias e, de repente, houve um ritmo profundo que irradiou todo o ser dela. Eu já tinha experienciado esse ritmo em meu trabalho com mulheres grávidas. “Então, esse era o ritmo da morte dela”. Eu pensei. Era lento, gentil e ficava mais e mais prevalente a cada dia. A consciência dela entrou logo neste ritmo. Um dia ela estava presente em seu corpo, no outro dia estava muito longe.
Nesse tempo, a família dela começava a me contactar com mais freqüência. Eles se preocupavam em vê-la não podendo andar mais ou pensar claramente. Eu disse a eles que isto fazia parte da liberação. Quanto mais ela liberava sua mente; mais fácil seria sua transição. Eu podia sentir que a minha presença na família, falando com suas filhas- até o marido dela começou a me enviar e-mail – ajudou a equilibrar a situação. Às vezes as coisas pequenas se perdem quando uma pessoa está morrendo. Os membros da família se esquecem de dormir, de descansar ou até mesmo de comer porque eles estão tão ocupados em entender o que está acontecendo. Elas estavam preocupadas em perder o momento da morte dela, de perder algum momento importante quando ela falaria pela última vez. Então, eu apenas disse a elas para relaxar, ir para casa, comer e dormir e entender que elas podiam sentir a mamãe delas mais do que vê-la e tocá-la.
Um dia, o ritmo da transição dela levou-a tão distante que grande parte da sua energia espiritual já estava agora mais longe. Neste dia, eu parei de comer carne (de acordo com as orientações do DreamWalker) e comecei minha uma hora de respiração consciente. Ela não tinha deixado seu corpo ainda, mas muito de sua energia tinha ido além de nossa dimensão. Como uma criança, eu tive medo das esferas próximas. Eu pude vê-las e sentir a presença de todos os fantasmas e das pessoas mortas. Então, eu fiquei surpresa quando eu fui com ela às esferas próximas e não experienciei mais medo. Mais alguns dias se passaram. A cada dia mais da energia dela passava além desse estado de transição. Ela estava calma. A ligação com a família dela lentamente se dissolvia e eu sentia que se aproximava o momento da sua morte física.
Um pouco antes que ela deixou o corpo, eu pude sentir uma onda de energia obscura do seu passado, memórias de mortes que ela tinha experienciado em existências passadas e “o caminho da morte” das suas famílias. Estas energias tinham um enorme panorama. Convidavam-na para entrar novamente no abismo escuro da morte, para experienciar o medo, a dor e a solidão. Em honra a todo esse trabalho que tínhamos feito juntas, eu sabia que eu não podia apenas assisti-la sendo arrastada para este lugar escuro. (Nesse momento, a filha dela me ligou: “Alguma coisa está estranha. Eu sinto que mamãe não pode morrer. Eu sinto algo bloqueado.”) Então ela percebeu aquelas velhas energias também.
Inesperadamente, eu nunca tinha feito isso antes, eu falei para a filha dela para se sentar ao lado da cama da sua mãe e respirar por 30 minutos, enquanto eu respirava também. Desligamos o telefone e fui fazer a minha respiração. Eu vi minha cliente em forma de espiral e com medo. Quando ela sentiu a minha presença, se expandiu um pouco. Eu coloquei um pé no caminho de Anasazi e chamei o nome dela. Chamei-a novamente. E chamei-a mais uma vez. E, de repente, ela saiu do seu transe e eu pude sentir as energias fluírem novamente. Quando a filha dela me ligou novamente, ela disse que o cheiro e a luz no quarto tinham mudado dramaticamente. A face da minha cliente estava mais relaxada e calma. Novamente – inesperadamente – eu disse para a filha dela lavar as mãos e os pés de sua mãe e colocar uma música clássica suave no quarto. Na manhã seguinte, minha cliente silenciosamente deixou o seu corpo. A equipe do hospital e a família dela relataram que havia ficado um brilho silencioso no quarto o dia todo.
O DreamWalk efetivo foi fácil e calmo. Eu amo a transformação que acontece durante o DreamWalk. Todas as energias das vidas passadas se dissolvem e, deixando para trás a pessoa humana, o anjo brilha. Ao longo desse caminho, eu senti o eco da música clássica que tinha sido tocada no quarto dela, como se fosse uma linha de luz chamando-a para a Ponte de Flores. Era como uma canção – uma canção de amor de sua família que estava brilhando através dessa música. Depois de 12 horas, nós já chegamos à Ponte de Flores. Ela tinha mudado tanto; não era mais um ser humano, era um anjo indo para casa. Cheio de experiência e cheio de vida. Há tanta beleza neste momento da passagem pela Ponte. A beleza é difícil de descrever com palavras. Tudo faz sentido. Tudo flui. Não há culpa, vergonha nem arrependimento- apenas um momento de celebração da vida, um momento de celebrar um anjo lindo e amado.
Os anjos encontraram-na no meio da Ponte. Despedimo-nos e assisti-la indo embora, lentamente, indo para casa. Com uma respiração profunda, eu deixei a Ponte, deixei as Esferas Cristalinas, deixei as Esferas Próximas e voltei ao meu corpo, ao meu quarto, a minha cadeira na qual estava sentada. Foi bom estar completamente presente depois de muitos dias em estado de transição. Foi bom, mas também um pouco estranho perceber que eu não podia sentir mais a presença de minha cliente. Eu estava acostumada a senti-la bem do meu lado. Levei alguns dias para descansar e para reconectar comigo mesma.
Eu posso dizer que fazer DreamWalk é uma das mais bonitas aventuras que dois humanos podem compartilhar. Depois, eu percebi os efeitos do DreamWalk na família dela também foram enormes também. Eu encontrei com a família da minha cliente duas semanas depois do DreamWalk. Eu vi um pouco de tristeza. Eu vi um pouco de lágrimas aqui e ali, mas não havia o pesar e a devastação que você normalmente encontra depois que um humano passa para outro lado. Todo mundo tinha mudado, se transformado e liberado muito.
Era realmente um quadro de um novo começo, de vida e de beleza.
Lea Hamann – Professora de DreamWalker atualmente vivendo na Alemanha.
Tradução: Aline Bitencourt
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Sobre Lea Hamann:
Ela nasceu em 1982. Lea Hamann trabalha como um facilitador e um guia compassivo para aqueles que atravessam seu processo de desperta espiritual. Ela ensina trabalho de respiração e ajuda ajuda as pessoas a se reconectar com sua energia feminina em sessões individuais e seminários. Lea Hamann estava trabalhando com e incorporando as energias femininas agora já para um numero de anos. Ela começou canalizar em público em 2007. Sophia fala através dela nos canalizações mensais desde março de 2007. Sophia nos convida para readaptar com nós mesmos e receber a energia feminina da nossa alma. Desde então, a sabedoria e o amor de Sophia tornaram-se inseparáveis do trabalho de Lea. Os canalizações mensais são gratuitos e estão disponíveis em seu site.
Fonte: crimsoncircle.com